segunda-feira, 11 de maio de 2009



O senso comum costuma confundir pichação e grafite. A primeira, entretanto,parece permanecer em um nível de confrontação violenta e provocação da autoridade, semqualquer pretensão artística. Insere-se em uma espécie de jogo, com dois desafios a seremvencidos, um interno outro externo ao grupo dos pichadores: deixar sua marca no lugar demais difícil acesso, seja pela topografia, seja pela vigilância ou proibição de acesso, e não ser pego pela polícia ou vigilância. Quem vence esses desafios é respeitado e legitimado como participante do grupo. Enquanto o pichador quer ser conhecido apenas dentro de seu grupo, o grafiteiro almeja visibilidade e reconhecimento como artista pela sociedade. Um ponto comum que permanece entre pichação e grafite é a assinatura pessoal, chamada de tag. Esse é a marca registrada, o sinal de autoria da obra, e todo grafiteiro ou pichador tem o seu. A preparação do muro ou parede a ser graffitado é específica, geralmente é feita uma base em tinta acrílica, branca ou colorida, utilizando rolo de pintura, sobre a qual é feito o desenho com o spray. Contudo, o grafite utiliza outras técnicas, como o pincel e o rolo, o estêncil.
Na década de 1970 os metrôs e trens metropolitanos, que circulam grafitados pelas
metrópoles, dão a mobilidade que era inexistente em um painel feito em um muro de rua.

Contudo, com a expansão da cultura Hip - Hop, sua divulgação pela mídia, houve uma
incorporação, um modismo, que retira parcialmente as características de transgressão e protesto iniciais do movimento. Percebe-se, nas declarações dos grafiteiros, uma certa dubiedade entre o desejo de visibilidade de sua arte e a “traição ao movimento”, como compromisso ético em não se deixar seduzir por alguma proposta comercial, banalizante e simplesmente formalizadora da arte do grafite. De fato, o grafite, enquanto movimento social e artístico, cruza o território marginal em direção à institucionalidade, às vezes como forma de inserção social ou como simples fetichização. O mesmo que ocorre com os movimentos alternativos, aos poucos absorvidos como moda e incorporados à lógica do mercado.
Ao mesmo tempo em que demonstra um sentimento de pertença ao movimento, ao manter o espírito maldito da rebeldia, da contestação, e de liberdade de expressão, os grafiteiros tem que se submeter à divulgação da mídia, das imposições do mercado, do estabelecimento do museu, a arte consagrada. Outro aspecto é o da sobrevivência dos grafiteiros, o que os leva, muitas vezes, a trabalhar em outras atividades, como a de propaganda. De fato, o trânsito entre diversas áreas faz parte do contexto da arte contemporânea. Inúmeras atividades vêm sendo desenvolvidas, por exemplo, nas de áreas de marketing, design e animação virtual, revistas em quadrinhos envolvendo profissionais que se utilizam de diversas mídias, e por isso mesmo, chamados de artistas multimídia.

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